Brasil na contra mão do futebol

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Definidas as semifinais da Copa América, ficou evidente o progresso do futebol no continente americano. Além dos bons jogos, a expectativa é que a fase final tenha partidas emocionantes. Mas, cadê o Brasil?
Os Estados Unidos, que venceram os equatorianos em uma partida movimentada, confirmaram sua evolução e será o único representante da Concacaf entre os 4 primeiros. Eles enfrentarão a favorita Argentina de Messi que neste fim de semana se tornou o maior artilheiro da história da seleção daquele país. Outra seleção que tem demonstrado uma evolução significativa é a Chilena - atual campeã - que aplicou uma goleada humilhante nos mexicanos, 7 a 0, e irá enfrentar a Colômbia. Os colombianos também têm apresentado um futebol moderno e competitivo, apesar de terem chegado às semifinais vencendo o Peru nos pênaltis após um empate amarrado em que as duas equipes não foram bem.
Curiosamente, a sequência desta Copa América comprovou que a seleção brasileira estava no grupo mais fraco do torneio. Terceiro colocado, o Brasil terminou com um de seus piores desempenhos da história, e as equipes que o desclassificaram, caíram no primeiro confronto. O Equador perdeu para os EUA por 2 a 1, e o Peru, após um empate com a Colômbia em 0 a 0, perdeu nos pênaltis. Mas o que aconteceu com a seleção brasileira, se os demais estão evoluindo? Pegamos a contra mão? 
Desde quando o futebol mundial foi se tornando mais profissional e menos amador, o esporte no Brasil tem regredido. A aplicação tática e técnica, além do empenho dos jogadores tem sido muito aquém daquilo que vemos os adversários apresentarem. Há um bom tempo a seleção brasileira parece um bando dentro de campo, apesar de nossos principais jogadores estarem nas principais ligas do planeta. Ou seja, nosso recurso humano não é o mesmo que nos áureos tempos, mas não é tão ruim para apresentarmos desempenho tão fraco a ponto de tomarmos 7 a 1 da Alemanha ou ser desclassificados na Copa América em um grupo com Equador, Peru e Haiti.
Nosso futebol permeado de dirigentes corruptos e amadores, incapazes de fazer competições rentáveis e com grande público tem sido o fator principal para essa derrocada. Não dá pra pensar em futebol no século 21 sem pensar nisso como um negócio. E negócio para dar certo tem que ser administrado cientificamente e não apenas com a paixão como fazíamos no passado. Creio que estamos sendo atropelados pelo nosso próprio amadorismo. A paixão ainda tem o seu lugar e sempre terá, pois é o combustível do esporte, mas gerido com profissionalismo. Nossos jogadores não têm mais uma boa formação na base e isso aparece quando eles se tornam profissionais. Muitos alegam que os clubes deixaram de investir na formação após a lei Pelé que praticamente tirou os direitos dos clubes formadores, mas algo precisa ser feito. A Major League Soccer é um exemplo de como administrar o futebol tornando-o atrativo e rentável. Por décadas fomos o pais do futebol e nossos campeonatos nunca foram os mais assistidos do mundo. Ou seja, o fiasco dentro de campo nasce fora dele.
O mau desempenho da seleção brasileira poderia ser um acidente de percurso, mas foi antecedido pelo emblemático 7 a 1 em casa na Copa do Mundo de 2014, e essa sequencia, a meu ver é um indicativo de que o problema é sério. O futebol brasileiro está esperando acontecer mais o quê para se reinventar? Espero que não precisemos ficar de fora da Copa 2018 para que essa ficha finalmente caia. Ficarei na expectativa de bons jogos nesta reta final da Copa América, pois o torneio tem mostrado boas equipes no continente, mas infelizmente deixou claro que o futebol brasileiro está no fundo do poço.