O sonho da morte de Cassandra - Ato III

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 O sonho da morte de Cassandra 

 Ato III

 

"Os corvos negros circulavam sobre minha cabeça e crocitavam “morte, morte, morte”, porém eu não jazia naquele momento"

 

A chuva que caia lavava o sangue nos meus cabelos, escorrendo para meu rosto e morrendo no chão empoçado da rua sulcada, meu corpo estava todo ensopado numa mistura de água e sangue, talvez eu já estivesse morta e deitada naquele imundo recinto, um sonho não muito perfeito, já que ninguém que eu conheça deseja sonhar com sua própria morte. O céu, num clichê mórbido, chorava mais forte a cada passo que eu dava e eu não sabia pra onde ir. Estava presa dentro de um labirinto negro e escuro, repleto de silêncio e um cheiro fétido que eu não conseguia distinguir, me pareceu com uma mistura de decomposição e carne vencida há anos. Os corvos negros circulavam sobre minha cabeça e crocitavam “morte, morte, morte”, porém eu não jazia naquele momento.
Era dia, mas não havia ninguém na rua. Enquanto eu vagava por um lugar sem vida alguma, lá em cima no céu, eles ainda pairavam em círculos acima da minha cabeça ensanguentada. Os fios loiros e emaranhados sobre meus ombros me faziam tremer de frio e os pelos da minha nuca estavam eriçados, nada como um cão preto para me dar um susto, emergindo das sombras ele salta para cima de mim como uma fera atroz e sedenta por sangue. Eu corri do animal na primeira oportunidade. Ele sequer se moveu, pelo contrário, ficou me olhando com aquele olhar selvagem de um maníaco matador.
Eu me via novamente num beco sem saída neste exato momento após a fuga do cão, na minha frente via uma enorme parede de três metros de altura em concreto e pedras enormes. Nela estava escrito meu nome com letras em vermelho vivo, um profundo escarlate sanguinário, abaixo da muralha de pedras dormia um homem, talvez um morador de rua e ao seu lado outro estava em pé com um cutelo de açougueiro na mão direita. Numa estocada o homem em pé arranca a cabeça do outro e a lança em minha direção. A partir daí foi tudo muito rápido, quando olhei para baixo vi que não era um rapaz deitado próximo ao muro, más sim uma moça, eu, e minha cabeça estava toda ensopada de sangue assim como meu corpo, e o homem do cutelo estava agora na minha frente. “
E a psiquiatra olha fixamente para Cassandra abismada com a viagem da moça dentro do seu próprio consciente, um devaneio em profundos sonhos obscuros duma mente conturbada. Hillary presencia um dos sonhos da morte de Cassandra.